TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica complexa que afeta a forma como uma pessoa percebe o mundo e interage com os outros. O TEA não é uma doença, mas sim uma condição de desenvolvimento do cérebro que impacta principalmente a comunicação, a interação social e os comportamentos. O TEA é um espectro, ou seja, ele abrange uma grande variedade de sintomas e níveis de gravidade. Em geral, as pessoas com TEA podem apresentar dificuldades com:
* Interação social – Dificuldade em entender e usar a comunicação verbal e não verbal, como expressões faciais, gestos e tom de voz. Algumas pessoas podem evitar o contato visual ou preferir a solidão.
* Comportamentos repetitivos e interesses restritos – A pessoa pode demonstrar comportamentos repetitivos, como movimentos corporais, e se interessar por atividades ou tópicos de forma intensa e focada.
* Sensibilidade sensorial – Muitas pessoas com TEA têm uma sensibilidade aumentada a estímulos sensoriais, como luzes fortes, sons, cheiros ou texturas.

Como tratar o TEA?
Embora o TEA não tenha uma cura, existem diversas formas de tratar e apoiar a pessoa afetada, melhorando sua qualidade de vida e ajudando-a a desenvolver habilidades importantes para a convivência social e familiar.
* Terapia Comportamental:
A Análise Comportamental Aplicada (ABA) é uma das terapias mais eficazes para o TEA. Ela utiliza reforços positivos para ensinar novas habilidades e reduzir comportamentos indesejáveis. A ABA pode ser adaptada para diferentes idades e graus de severidade, ajudando a criança ou adulto com TEA a melhorar suas habilidades de comunicação e interação social.
* Terapias de Fala e Linguagem:
Muitas pessoas com TEA têm dificuldades na comunicação verbal. A terapia de fala (Fonoterapia) pode ajudar a pessoa a melhorar a articulação, compreensão e expressão verbal, além de ajudar a desenvolver a comunicação não verbal, como o uso de gestos ou símbolos.
* Terapia Ocupacional:
A terapia ocupacional é fundamental para ajudar a pessoa a desenvolver habilidades motoras finas e grossas, como escrever ou se vestir, e a lidar com a hiperatividade ou com disfunções do processamento sensorial. Ela é muito importante para promover a autonomia e independência nas atividades do dia a dia.
* Intervenção Educacional:
Programas educacionais especializados, adaptados às necessidades do indivíduo, podem ser decisivos. Muitos alunos com TEA se beneficiam de ensino individualizado, onde as abordagens pedagógicas são ajustadas para estimular suas potencialidades e habilidades de aprendizagem.

Tratamentos alternativos e complementares:
Além dos tratamentos convencionais, algumas abordagens alternativas podem ser usadas como complementos ao tratamento, sempre com a orientação de um profissional especializado.
* Suplementação nutricional: Nutrientes como ômega-3, vitamina D, zinco e magnésio podem beneficiar algumas pessoas com TEA, ajudando na redução da irritabilidade e melhorando o foco.
* Terapias alternativas:
Algumas pessoas com TEA se beneficiam de práticas como acupuntura, meditação e mindfulness, que ajudam na regulação emocional e na redução da ansiedade. Tais terapias, no entanto, devem ser sempre discutidas com o médico para avaliar sua segurança e eficácia.
* Uso de medicamentos e canabidiol (CBD):
Medicações alopáticas são indicadas para tratamento de comportamentos disfuncionais, insônia, alteração do humor, ansiedade ou outros sintomas comórbidos, nos quais apenas as terapias comportamentais não são suficientes. O canabidiol tem sido considerado, ainda informalmente (off label), como uma alternativa para controlar sintomas relacionados ao TEA, como a ansiedade, insônia e os comportamentos agressivos, rígidos, repetitivos, estereotipados.

A importância do acompanhamento médico contínuo:
O tratamento do TEA exige um acompanhamento multidisciplinar e personalizado, pois cada paciente tem necessidades e desafios únicos, diante do espectro de manifestações que envolvem o transtorno. Além disso, o apoio familiar e a inclusão social desempenham um papel fundamental no sucesso do tratamento. Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor será a resposta ao tratamento, principalmente se combinado com intervenções precoces. O TEA não limita a pessoa, mas oferece a oportunidade de entender o mundo de uma forma diferente. Com o tratamento adequado, a pessoa com TEA pode desenvolver e alcançar um grande potencial, viver de forma independente, equilibrada e produtiva e participar ativamente da sociedade. Compreender o TEA e as necessidades de quem vive com ele é um passo importante para promover um ambiente mais inclusivo e empático. Se você é pai, mãe ou cuidador de uma pessoa com TEA, lembre-se de que o amor, a paciência e o apoio adequado fazem toda a diferença na vida da pessoa com autismo.